Isabela Mercuri
Além de promover a gastronomia, o artesanato, e os pontos turísticos de todo o estado de Mato Grosso, a Feira Internacional de Turismo do Pantanal (FIT) terá mais uma função: aproximar o trade turístico da academia. Para isso, o Centro de Pesquisas do Pantanal (CPP), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), foi convidado a realizar um Fórum, que acontece paralelamente à feira.
Segundo o fundador do CPP, Paulo Teixeira, o Centro estuda o turismo na região deste o final dos anos 80. “Nós estamos organizando o Fórum pra Sustentabilidade do Turismo na Amazônia, Cerrado e Pantanal. O próprio título já diz tudo, de qual é a nossa preocupação. É contribuir para que o turismo se dê de forma sustentável no tripé social, econômico e ambiental”.
O Fórum acontece dentro da Feira, e será aberto para todo o público. “Nosso objetivo participando da FIT é mostrar que podemos contribuir com o conhecimento científico, que nós já temos acumulado de muitos anos, pra que esse turismo se dê de forma sustentável”, completa Paulo. Segundo o professor, existem alguns cases de sucesso no Pantanal, de pessoas que conseguiram criar pousadas e passeios sustentáveis, mas isso ainda está longe de ser ideal.
“O que temos agora é que aproveitar esses cases de sucesso, aliar isso ao conhecimento científico e tentar”, comenta. “Falta concatenação dos atores envolvidos. Todo mundo tem consciência, hoje, que o meio ambiente é importante, que nós temos que preservar o meio ambiente. O Brasil e o mundo mudaram muito nos últimos vinte anos. Mas muitas vezes, no caso de uma cadeia, como é o caso do turismo, o que falta é ter o tomador de decisão, que é quem elabora os marcos regulatórios junto aos empresários e junto à comunidade, trabalhando junto”.
A ideia de aproximar o trade da universidade foi do coordenador da FIT, Jaime Okamura, que também representa o setor do turismo. “A primeira pesquisa que fizemos junto ao CPP foi em relação à questão da demanda no Pantanal”, lembra. Nesta pesquisa, eles queriam determinar quantas pessoas podiam visitar o local, sem que isso prejudicasse o meio ambiente.
Para realizar outras pesquisas deste tipo, e articulá-las com quem trabalha no dia-a-dia com o turismo, é que Jaime idealizou essa aproximação. Ao invés de lidar apenas com proibições, por um lado, e de enxergar o turismo apenas como aquele que deteriora o ambiente, por outro, o objetivo é se unir e encontrar um denominador comum.
“Por exemplo, ano passado o Parque Nacional de Chapada, do Pantanal e do Cerrado ia perder o título da Biosfera da Humanidade, da ONU, porque não fizeram nada. Nem em relação ao turismo, nem à conservação, nem a nada. Então ia perder o título”, afirma Okamura. “Aí foi feito um trabalho, uma nova justificativa, foi mandado pra ONU e ela estudou em dezembro, em Paris, e aceitou as ponderações, desde que seja criado o Comitê em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que vai ordenar as ações para que continue com o título”.
Para que este Comitê tenha sucesso, por exemplo, é fundamental que os pesquisadores e o trade caminhem juntos. “No Brasil e em Mato Grosso ainda não existe a cultura da sustentabilidade”, lamenta Jaime. “No Pantanal, por exemplo, os donos de pousada começam a alimentar os bichos, as araras, o tuiuiú, e aí já começa a perder a identidade. Isso desequilibra a natureza, e, além disso, o turista que vem quer ver o Tuiuiú lá em cima, não pertinho”. Para o coordenador, entender essas demandas é o principal objetivo.
A Feira Internacional de Turismo do Pantanal (FIT), que acontece dos dias 20 a 23 de abril, no Centro de Eventos do Pantanal e terá uma programação completa dedicada a palestras e cursos, a ‘aldeia do conhecimento’.